Perspectivas Globais para Fertilizantes: Insights da Principal Conferência da China

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A Argus Fertilizer China Conference, realizada de 3 a 4 de novembro de 2025 em Xangai, é um dos principais eventos internacionais da indústria de fertilizantes, conectando o mercado chinês aos principais stakeholders e tomadores de decisão globais ao longo de toda a cadeia de valor.

O Head de Inteligência de Mercado Global da FertiStream, Milton Sato, que participou deste importante encontro global, destacou as seguintes tendências fundamentais que estão moldando o setor:

Implementação do CBAM: O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) deverá entrar em vigor conforme planejado em janeiro de 2026, segundo autoridades da União Europeia. No entanto, os valores-padrão por produtor — necessários para que importadores calculem os custos de carbono do CBAM — ainda não foram publicados. Essa incerteza pode atrasar decisões dos importadores até o segundo trimestre de 2026, quando os dados confirmados estiverem disponíveis.

Política de Exportação da China: A política chinesa de exportação de fertilizantes esteve naturalmente no centro das discussões, com expectativas de que as cotas de exportação de ureia e fosfato entrem em vigor a partir de abril de 2026. O sistema de cotas provavelmente permanecerá o mesmo, dado seu sucesso em manter os preços domésticos baixos, oferecendo aos produtores e distribuidores uma forma de aumentar a receita por meio de um ritmo controlado de exportações.

Pressões no Mercado de Fosfatos: Produtores e distribuidores locais continuam preocupados com o aumento dos custos de enxofre e amônia nos últimos trimestres. Por exemplo, os preços do enxofre na China ultrapassaram USD 400/t em outubro, um aumento de USD 250/t em relação ao ano anterior. Interrupções não planejadas na produção russa e a forte demanda dos processadores de níquel na Indonésia têm dado sustentação aos preços.

Desenvolvimento de Novos Produtos: Produtores e traders chineses estão testando o NK 42-0-5, um novo tipo de fertilizante desenvolvido principalmente para o mercado brasileiro. Produzido a partir de ureia e MOP, esse produto busca contornar as rígidas cotas de exportação de ureia. Tal como um jogo de “whack-a-mole”, caso esse fluxo de exportação ganhe força, espera-se que o governo chinês intervenha com potenciais controles de exportação, como já ocorreu com outros fertilizantes.

Conexão China–Brasil: A forte ligação entre os mercados chinês e brasileiro continua. Das 104 Mt de soja que o Brasil exportará em 2025, 87,2 Mt irão para a China, representando uma participação de 79%. O Brasil pretende expandir a produção de milho e soja em 90 Mt até 2032, o que elevará o consumo de fertilizantes para 56 Mt, um aumento de 8 Mt. Consequentemente, as importações brasileiras de fertilizantes devem atingir 53 Mt até 2032, um incremento de 9 Mt em relação aos níveis atuais. As exportações chinesas de fertilizantes para o Brasil, atualmente em 9 Mt, devem continuar crescendo, após uma alta de 5,7 Mt nos embarques ao longo dos últimos cinco anos.

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